sexta-feira, 19 de novembro de 2010

MAPUTO

Penso, Com teimosia: A capoeira é brasileira. Posse nacional. Agarro com dentes A identidade. Grande é “pois” o temor Da perda. E vem a vida, Nesse mundo que da volta E tira o pouco que tenho, O orgulho da certeza. Lá estão, À beira mar, Num jogo colonial, Retintos e audazes, Dispostos ao riso E ao risco, Meninos que nunca vi: Capoeiras da Palhota. Mar Azul, Confundindo meu legado, Minha brasilidade: Estamos no mundo. Somos. Universais. A arte genuína cá está. A cena se desmancha E na retina registro o espanto. O que amo, Maliciosa e Andarilha, Vaga e Verga corações outros. Apaixona. Roda. Berimbau toca Angola. Agachada, Espreito o outro, E assim me espreito, Somos um em dois. Perco-me. E quando O coro das crianças Rompe minhas cismas, Já estou a jogar em pátrio solo. Eis-me no Mercado, Na Figueira, Com a certeza sincera Que o que me levou me trouxe, E o que me fez capoeira Foi estar nesse chão ora de senzala Ora de casa grande, Mas sempre Brasilis. 19 de Outubro de 2010 noite e meia. Danuza. Maputo.

Um comentário: