Palestra Mestre Pop para 1ª Audiência Pública da Capoeira em Santa Catarina
Que nossos ancestrais, mestres imortais, possam estar presentes neste momento. Aqueles que vieram do longínquo continente africano e em suas jornadas trouxeram-nos seus saberes, legando-nos este maravilhoso patrimônio que é a cultura afro - brasileira. Ancestrais que viveram sob a mais procaz escravidão. Homens e mulheres, que foram ferramentas imprescindíveis na construção desta chama viva que é a arte “Capoeira”. Legado este transmitido a Aberrê, a mestre Valdemar da Paixão, mestre Traíra, Cobrinha Verde, mestre Canjiquinha, mestre Caiçara, a Noronha, a Paulo dos Anjos, a mestre Pastinha, a mestre Bimba e a tantos outros nomes que se configuram nas mais brilhantes estrelas que embelezam os céus deste imenso Brasil, berço da civilização do terceiro milênio.
Comprimento a todos presentes nesta audiência pública. A todos os meus mulungus, amigos irmãos, alunos discípulos que aprendem e nos ensinam lições; mestres cuja a essência se traduz em amor a esta arte. Aos digníssimos Senhores parlamentares presentes nesta plenária, espaço que consolida-se em local cujas decisões deverão sempre representar a dignidade ao povo catarinense.
Desejo neste momento conclamar a todos para que se unam em prol da regulamentação da profissão do capoeirista!
O tombamento da capoeira enquanto Patrimônio Cultural do Brasil, consolida-se em um forte instrumento de conquista para a luta da classe trabalhadora da arte-capoeira no Brasil. Para tal, compreende-se que não basta apenas o reconhecimento publico acerca do valor histórico da capoeira, mas sim que se valorize os sujeitos históricos envolvidos em sua construção. É necessário que se reconheça a luta daqueles que foram e continuam sendo instrumentos vivos para perpetuação da capoeira enquanto manifestação da cultura nacional. Não se deve omitir e nem ocultar a importância histórica dos capoeiristas para a formação da nossa identidade nacional.
A capoeira brota em solo brasileiro do anseio de liberdade de um povo e acima de tudo consolida-se em uma arma de luta política para a emancipação daqueles que outrora foram escravizados e marginalizados por conta de um regime procaz constituído pela sociedade escravagista. Assim como no passado não muito distante, em que houve descriminação, perseguição política, pena, reclusão e maus tratos aos capoeiristas, na atual conjuntura não tem sido muito diferente. Os tempos são outros, porém persistem a descriminação e as injustiças. Os projetos governamentais não avançam para consolidar a valorização daqueles que constroem a cultura nacional. As ações políticas configuram-se em ações meramente assistencialistas e não como ações de dever do Estado. São ações políticas sedimentadas em uma profunda burocracia que impede a todos terem acesso. É preciso construir políticas publicas que valorizem e oportunizem o sujeito vivo da ação cultural, aqui neste caso os capoeiristas.
E aos meus companheiros de luta chamo atenção! Que neste momento em que estamos construindo um processo cujo objetivo é a nossa emancipação social e econômica, sabemos das divergências e conhecemos aqueles que ainda permanecem no terreno filosófico acerca da verdade sobre a capoeira. Em minha opinião, neste momento o que importa é centrarmos nosso foco na proposta de regulamentação do ofício, no momento presente, no “aqui e agora”, com seus anseios e deformidades. Temos que reescrever esta história, não para mudar a essência da capoeira, mas no sentido da valorização real de todos sujeitos que a construíram e constroem no seu cotidiano.
Portanto é imprescindível o reconhecimento e a valorização dos profissionais da arte capoeira na contemporaneidade, sujeitos vitais e essenciais para manutenção deste Patrimônio Cultural do Brasil. Neste sentido o tombamento da capoeira, passa a ter um significado real para aqueles que atuam nos múltiplos espaços onde se difunde a sua prática. Com o reconhecimento dos sujeitos histórico se consolidará uma simbiose perfeita na plena valorização da capoeira, não só como patrimônio imaterial, mas também material, que são em síntese, os sujeitos de sua re-significação.
É preciso que a classe trabalhadora da capoeira compreenda que as verdadeiras e reais conquistas ainda estão por ser realizadas. Enquanto não avançarmos como movimento de organização política haveremos de permanecer às margens de um sistema que historicamente contribuiu para manter na marginalidade os sujeitos históricos desta arte, nos quais configuram-se os grandes mestres como Pastinha, Bimba, Aberre, Valdemar da Paixão, Paulo dos Anjos e tantos outros, tanto no passado como na contemporaneidade. A desorganização da classe trabalhadora só interessa àqueles que em nome de um paralogismo nos mantém alienados as suas retóricas.
É importante ressaltar que a luta pelos direitos dos capoeiristas e até mesmo a própria regulamentação da profissão não é uma temática que inicia-se nesta plenária, mas a mesma já é pauta de inúmeros projetos de lei que tramitaram na Câmara Federal. Porém o que se observa, é que as leis já propostas não atendem de fato as reivindicações da comunidade capoeirística como um todo. De um modo geral são propostas que não atendem as inspirações da grande maioria dos profissionais da capoeira.
Entendo que devemos nos esforçar para criar um movimento amplo, de cunho nacional e através do qual possamos somar esforços no sentido de formar uma base de consenso para debruçarmo-nos nos temas que são de interesse à classe dos profissionais da capoeira. Este movimento é imprescindível, pois ao contrário, permaneceremos na inércia. É necessário compreendermos que vivemos um tempo de profundas mudanças na estrutura social e econômica de nosso país. É sabido da importância da capoeira enquanto manifestação cultural e de sua contribuição para a transformação da identidade cultural do Brasil. Sendo assim, o tombamento da capoeira enquanto Patrimônio Cultural do Brasil deve servir de reflexão para compreendermos o nosso processo histórico no presente contexto.
Avançar, para a classe trabalhadora deverá significar a superação das mazelas, da mesquinhez, da hipocrisia, da arrogância e da vaidade que permanece no seio da capoeiragem. Devemos definitivamente compreender que malandragem não é sinônimo de marginalidade. A responsabilidade cabível aos profissionais da capoeira perpassa pela superação de valores que não condizem com aqueles que são objetivos estratégicos na transformação social, educacional e cultural do nosso país. Razão pela qual paradigmas devem ser mudados, novos valores devem ser implantados como elementos de prestigio na atualidade, sem esquecermos o legado histórico.
Definitivamente, devemos sair do terreno dos conflitos filosóficos e conceituais acerca da capoeira, pois a diversidade sintetiza a própria essência da capoeira na contemporaneidade. E porque estou mencionando isso? Porque as convenções filosóficas e os conflitos ideológicos tem sido o palco das adversidades que impedem avançarmos como uma classe trabalhadora que presta relevante serviço à nação, e hoje também ao mundo. O que nós não devemos é permitir que os antagonismos que se constituem a partir destes conceitos impeçam que avancemos enquanto classe trabalhadora devidamente organizada em prol da sobrevivência digna daqueles que trabalham com responsabilidade com a arte capoeira. A superação das divergências deverá se constituir numa mudança histórica. Temos que protagonizar um novo momento da história da capoeira, que não retrate novamente o passado de miséria e minúcias em que nossos mestres findaram-se. A construção deste novo momento deverá se fundamentar na sustentabilidade futura daqueles que ainda estão por vir. Este será o nosso legado às futuras gerações de mestres desta arte cuja essência traduz o mais profunda dos anseios humanos, que é a liberdade.
Meu muito obrigado. Mestre Pop
Que nossos ancestrais, mestres imortais, possam estar presentes neste momento. Aqueles que vieram do longínquo continente africano e em suas jornadas trouxeram-nos seus saberes, legando-nos este maravilhoso patrimônio que é a cultura afro - brasileira. Ancestrais que viveram sob a mais procaz escravidão. Homens e mulheres, que foram ferramentas imprescindíveis na construção desta chama viva que é a arte “Capoeira”. Legado este transmitido a Aberrê, a mestre Valdemar da Paixão, mestre Traíra, Cobrinha Verde, mestre Canjiquinha, mestre Caiçara, a Noronha, a Paulo dos Anjos, a mestre Pastinha, a mestre Bimba e a tantos outros nomes que se configuram nas mais brilhantes estrelas que embelezam os céus deste imenso Brasil, berço da civilização do terceiro milênio.
Comprimento a todos presentes nesta audiência pública. A todos os meus mulungus, amigos irmãos, alunos discípulos que aprendem e nos ensinam lições; mestres cuja a essência se traduz em amor a esta arte. Aos digníssimos Senhores parlamentares presentes nesta plenária, espaço que consolida-se em local cujas decisões deverão sempre representar a dignidade ao povo catarinense.
Desejo neste momento conclamar a todos para que se unam em prol da regulamentação da profissão do capoeirista!
O tombamento da capoeira enquanto Patrimônio Cultural do Brasil, consolida-se em um forte instrumento de conquista para a luta da classe trabalhadora da arte-capoeira no Brasil. Para tal, compreende-se que não basta apenas o reconhecimento publico acerca do valor histórico da capoeira, mas sim que se valorize os sujeitos históricos envolvidos em sua construção. É necessário que se reconheça a luta daqueles que foram e continuam sendo instrumentos vivos para perpetuação da capoeira enquanto manifestação da cultura nacional. Não se deve omitir e nem ocultar a importância histórica dos capoeiristas para a formação da nossa identidade nacional.
A capoeira brota em solo brasileiro do anseio de liberdade de um povo e acima de tudo consolida-se em uma arma de luta política para a emancipação daqueles que outrora foram escravizados e marginalizados por conta de um regime procaz constituído pela sociedade escravagista. Assim como no passado não muito distante, em que houve descriminação, perseguição política, pena, reclusão e maus tratos aos capoeiristas, na atual conjuntura não tem sido muito diferente. Os tempos são outros, porém persistem a descriminação e as injustiças. Os projetos governamentais não avançam para consolidar a valorização daqueles que constroem a cultura nacional. As ações políticas configuram-se em ações meramente assistencialistas e não como ações de dever do Estado. São ações políticas sedimentadas em uma profunda burocracia que impede a todos terem acesso. É preciso construir políticas publicas que valorizem e oportunizem o sujeito vivo da ação cultural, aqui neste caso os capoeiristas.
E aos meus companheiros de luta chamo atenção! Que neste momento em que estamos construindo um processo cujo objetivo é a nossa emancipação social e econômica, sabemos das divergências e conhecemos aqueles que ainda permanecem no terreno filosófico acerca da verdade sobre a capoeira. Em minha opinião, neste momento o que importa é centrarmos nosso foco na proposta de regulamentação do ofício, no momento presente, no “aqui e agora”, com seus anseios e deformidades. Temos que reescrever esta história, não para mudar a essência da capoeira, mas no sentido da valorização real de todos sujeitos que a construíram e constroem no seu cotidiano.
Portanto é imprescindível o reconhecimento e a valorização dos profissionais da arte capoeira na contemporaneidade, sujeitos vitais e essenciais para manutenção deste Patrimônio Cultural do Brasil. Neste sentido o tombamento da capoeira, passa a ter um significado real para aqueles que atuam nos múltiplos espaços onde se difunde a sua prática. Com o reconhecimento dos sujeitos histórico se consolidará uma simbiose perfeita na plena valorização da capoeira, não só como patrimônio imaterial, mas também material, que são em síntese, os sujeitos de sua re-significação.
É preciso que a classe trabalhadora da capoeira compreenda que as verdadeiras e reais conquistas ainda estão por ser realizadas. Enquanto não avançarmos como movimento de organização política haveremos de permanecer às margens de um sistema que historicamente contribuiu para manter na marginalidade os sujeitos históricos desta arte, nos quais configuram-se os grandes mestres como Pastinha, Bimba, Aberre, Valdemar da Paixão, Paulo dos Anjos e tantos outros, tanto no passado como na contemporaneidade. A desorganização da classe trabalhadora só interessa àqueles que em nome de um paralogismo nos mantém alienados as suas retóricas.
É importante ressaltar que a luta pelos direitos dos capoeiristas e até mesmo a própria regulamentação da profissão não é uma temática que inicia-se nesta plenária, mas a mesma já é pauta de inúmeros projetos de lei que tramitaram na Câmara Federal. Porém o que se observa, é que as leis já propostas não atendem de fato as reivindicações da comunidade capoeirística como um todo. De um modo geral são propostas que não atendem as inspirações da grande maioria dos profissionais da capoeira.
Entendo que devemos nos esforçar para criar um movimento amplo, de cunho nacional e através do qual possamos somar esforços no sentido de formar uma base de consenso para debruçarmo-nos nos temas que são de interesse à classe dos profissionais da capoeira. Este movimento é imprescindível, pois ao contrário, permaneceremos na inércia. É necessário compreendermos que vivemos um tempo de profundas mudanças na estrutura social e econômica de nosso país. É sabido da importância da capoeira enquanto manifestação cultural e de sua contribuição para a transformação da identidade cultural do Brasil. Sendo assim, o tombamento da capoeira enquanto Patrimônio Cultural do Brasil deve servir de reflexão para compreendermos o nosso processo histórico no presente contexto.
Avançar, para a classe trabalhadora deverá significar a superação das mazelas, da mesquinhez, da hipocrisia, da arrogância e da vaidade que permanece no seio da capoeiragem. Devemos definitivamente compreender que malandragem não é sinônimo de marginalidade. A responsabilidade cabível aos profissionais da capoeira perpassa pela superação de valores que não condizem com aqueles que são objetivos estratégicos na transformação social, educacional e cultural do nosso país. Razão pela qual paradigmas devem ser mudados, novos valores devem ser implantados como elementos de prestigio na atualidade, sem esquecermos o legado histórico.
Definitivamente, devemos sair do terreno dos conflitos filosóficos e conceituais acerca da capoeira, pois a diversidade sintetiza a própria essência da capoeira na contemporaneidade. E porque estou mencionando isso? Porque as convenções filosóficas e os conflitos ideológicos tem sido o palco das adversidades que impedem avançarmos como uma classe trabalhadora que presta relevante serviço à nação, e hoje também ao mundo. O que nós não devemos é permitir que os antagonismos que se constituem a partir destes conceitos impeçam que avancemos enquanto classe trabalhadora devidamente organizada em prol da sobrevivência digna daqueles que trabalham com responsabilidade com a arte capoeira. A superação das divergências deverá se constituir numa mudança histórica. Temos que protagonizar um novo momento da história da capoeira, que não retrate novamente o passado de miséria e minúcias em que nossos mestres findaram-se. A construção deste novo momento deverá se fundamentar na sustentabilidade futura daqueles que ainda estão por vir. Este será o nosso legado às futuras gerações de mestres desta arte cuja essência traduz o mais profunda dos anseios humanos, que é a liberdade.
Meu muito obrigado. Mestre Pop
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