AUSENTES E PRESENTES
Quem pra falar de capoeira?
O menino que brinca na roda?
Pode, e vai falar com poesia.
O homem, a mulher?
Pode, e vão falar com devoção.
Mas quem pra falar de capoeira que a tenha como ofício e condição?
Dar a palavra para quem faz dela, dia a dia, vida vivida sol a sol.
Dar a palavra para quem dela e nela ganha o pão,
E morre levando pouco,
E pouco a pouco a sua essência.
Mestres,
Dar a voz para eles.
E de tudo podem falar,
De luta e violência. De homem, mulher e criança. De fome, miséria e solidão.
De liberdade, resistência e exclusão.
Dar a voz e a vez e assim tirá-los do anonimato, da invisibilidade social.
Que falem os Mestres, sujeitos ocultos dessa luta capoeira,
Hoje arte tombada patrimônio, nacional, imaterial.
Que sejam estes Mestres, feitos na vida, que se façam ouvir.
Sem eles a capoeira vira fachada, casca, coisa exposta em vitrine, estudo de doutor.
Que soltem a voz.
Quando o corpo está calado, canta a alma pela voz, faz da fala resistência, da rebeldia criação.
DANUZA
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